Texto escrito por Tico Santa Cruz
Michael Jackson pegou a nave, mas a crise no Senado continua. E não é porque a gripe suína está de fato se alastrando pelo mundo que deixaremos de lado os porcos que habitam o nosso congresso. Muito se fala de milícia, crime organizado, comando vermelho, terceiro comando, PCC entre outros grupos atuantes, contudo a gangue mais perigosa de todas as que cultivamos nesse imenso país chama-se CN. Congresso Nacional. E o mais bizarro disso tudo é que é a gang que nós colocamos para controlar o nosso dinheiro e para “defender” a democracia. Quá quá quá. Toda vez que penso, falo ou escrevo a palavra democracia, me dá uma vontade irritante de rir. É tão incontrolável que mesmo sério, eu rio por dentro. Me casco mesmo de gargalhar. Democracia. Palavra bonita não? Pois bem bererem bem bem. Vamos a uma breve lenda, que ouvi contar, dessas que se contam no jardim de infância para assustar criancinhas.
Numa fazenda no Maranhão há muitos e muitos anos atrás um Senhor de engenho chamado Ney, convivia com a nata dos exploradores de terras do Brasil. Dono de latifúndios de se perder de vista, o Senhor Ney dominava o cenário político do Período e acumulava suas riquezas, sempre assistido por seus escravos. Senhor Ney ouvia sempre os estrangeiros se tratando educadamente com a reverência de Sir, condolência oferecida a alguém importante, e achando-se como tal e no direito de exigir o mesmo tratamento de seus empregados anunciou que dali em diante obrigatoriamente ao se dirigir a vossa senhoria, todos, sem exceção deveriam tratá-lo como SIR NEY.
Dizem que no início foi complicado a quem com o Senhor Ney convivia proferir tal palavra, tendo em vista que a origem do termo era Inglesa e assim como a festa “for all” que veio a se tornar Forró, Senhor Ney tornou-se com o tempo SIR Ney. Sir Ney, pra cá, Sir Ney, pra lá, virou... e desde então como uma praga hereditária Sir Ney foi disseminando seu gene dominante e dominando todo o Estado do Maranhão, expandindo seu poder por várias frentes, esculpindo vossa bosta, quer dizer, vosso busto por uma nação controlada por coronéis e fazendo da história de sua família uma lenda de glórias, riquezas, virtudes, poder e tudo mais que cabe a alguém importante e com capacidade de cercar e adestrar com muita competência aqueles que do seu curral sempre fizeram parte, inclusive os que tentaram erradamente escapar.
Sir Ney, cresceu com a república obviamente multiplicado em forma de filhos e netos, apoiou a ditadura, armou quando bordaram uma primeira “democracia” sendo privilegiado mais uma vez pela morte misteriosa de um então mineiro que como o Michael Jackson pegou a nave num momento importante de sua vida, tornou-se presidente e desde que o mundo é redondo vai pulando de galho em galho no poder e perdurando seu controle mostrando que o império de Sir Ney, estará para sempre vivo e bem representado, enquanto o Brasil for esse enorme pasto de gados domesticados.
Sir Ney, sempre foi bom de política, pois nasceu com o dom de guardar e trocar segredos. Tem seus aliados na mão e conta com uma blindagem natural da evolução de sua espécie que por sua vez é privilegiada pelo fato de seus oponentes já nascerem com um pequeno e inestimável defeito genético , o rabo preso. Sabido que só, Sir Ney frutificou sua terra e partiu para dominar outros campos, indo parar no Amapá. Tornou-se então representante do estado e com seus conhecimentos, elos, martelos e marmelos acabou mais uma vez ganhando lugar de destaque na casa do polvo. Como quem hoje comanda a casa do polvo é outro cefalópode cujo o nome primário é Lula, todo o lodo fica guardado no fundo do mar.
Lula que algum dia já levantara a voz e bradara palavras de fúria contra picaretas e senhores de engenho que perpetuam a espécie no poder, sabe muito bem como fazer política no país dos bobocas e finge que defende Sir Ney numa manobra importante para preservar seus interesses no caflito. Tem conhecimento de que seus eleitores sequer imaginam o que está se passando de terça a quinta feira na cúpula do CN em Brasília e os que sabem logo esquecerão tudo novamente e continuarão como torcedores da seleção que está sempre disputando alguma final de alguma copa de alguma coisa. De posse de tal conhecimento, não é de se estranhar que enquanto Lula finge que defende Sir Ney, poucos Senadores, fingem que atacam e só quem de fato atua de maneira sincera nessa história, são os que sabem o estrago que Sir Ney poderá fazer se abrir a boca e portanto, ficam em cima do muro. Assim como Sir Ney, outro importante personagem dessa lenda aparece como que numa reprise atuando nos bastidores da crise, ciente de que tem em mãos segredos que colocam em risco todos aqueles que ousarem dar um pio sobre tal caso. Canalheiros já foi Sinistro da Justiça do Governo de Collor e já esteve no paredão em meio a saraivadas idênticas a que agora jaz nosso Coronel Bigode. Confia na justiça e em seus pares, que são sempre pares, grita aos quatro cantos que não é melhor e nem pior que ninguém, apenas igual e todo mundo sabe que ele não esta mentindo nesse caso. Sendo assim amiguinhos, nesse teatro de fantoches, logo a ferida cria uma casquinha nova e tudo voltará a ser como antes.
Sir Ney, continuará Sir Ney, Lula continuará Lula, Canalheiros continuará Canalheiros, e nós continuaremos o que sempre fomos. Me diz você. Acredita? Se eu fosse o Sir Ney colocava a boca no Trombone.
Conta SIR NEY!!!!!